sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Empresas consolidam gestão com universidade corporativa

O crescimento das universidades corporativas no Brasil, que passaram de dez na década de 90 para cerca de 150 atualmente — segundo levantamento da professora Marisa Eboli da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) —, evidencia a aposta de grandes empresas como AmBev, Accor e Santander Banespa nesse modo de formação que oferece treinamento contínuo e integrado com os negócios para executivos.

O crescimento das universidades corporativas no Brasil, que passaram de dez na década de 90 para cerca de 150 atualmente — segundo levantamento da professora Marisa Eboli da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) —, evidencia a aposta de grandes empresas como AmBev, Accor e Santander Banespa nesse modo de formação que oferece treinamento contínuo e integrado com os negócios para executivos.

De acordo com Luca Borroni, coordenador-geral de programas coorporativos do Ibmec São Paulo , a procura pelos cursos corporativos da instituição cresceu 40% em relação a 2004 e a previsão para o ano que vem é de 30% a mais. Ele ainda diz que o crescimento médio desde 2001 foi de 63% ao ano. “Não há dúvida de que a universidade corporativa veio para ficar. No começo, as pessoas restringiam os benefícios ao preço, mas já se sabe que eles vão muito além disso”, afirma Borroni.

Seguindo essa tendência, o banco Santander Banespa inaugurou sua universidade corporativa em abril deste ano e prevê programas voltados para o atendimento comercial, identificação de riscos e para o atendimento segmentado dos clientes.

Segundo Helena Pessin, superintendente-adjunta de recursos humanos, a principal necessidade do banco é treinar os colaboradores para atenderem os clientes de acordo com a realidade específica de cada um deles. Para o ano que vem, Helena diz que o banco pretende trazer o conceito das comunidades on-line para dentro da organização. “Acreditamos que esse seja um canal eficiente de troca das melhores práticas”, comenta Pessin.

A característica fundamental das universidades corporativas é a personalização dos cursos de acordo com a realidade de cada empresa. No entanto, Marcos Siqueira, gerente de marketing das Faculdades Trevisan , diz que alguns temas são requisitados pela maioria das delas, como: empreendedorismo, inovação e criatividade. Ele afirma que está havendo uma procura grande por cursos na área de finanças e contabilidade, por conta dos recentes escândalos fiscais. “As empresas estão preocupadas com esse tipo de problema e o treinamento in company, além de ser mais barato, lida com a cultura da empresa”, afirma. Segundo ele, a maior procura pelos cursos das Faculdades Trevisan é das empresas de serviço que tem necessidade de formar gestores de pessoas.

Pioneiros

A AmBev é uma das empresas pioneiras na implantação da Universidade Corporativa. Em 1995, a empresa criava a Universidade Brahma que mais tarde foi substituída pela Universidade AmBev (UA). Além dos métodos tradicionais de treinamento, como salas de aula para cursos in loco, a UA conta também com a TV AmBev. “A grande vantagem da TV corporativa é que, por meio de transmissão via satélite, ela atinge todo o país simultaneamente”, diz Rodolfo Bernardes Roquette, gerente corporativo de treinamento. O executivo explica que as demandas de treinamento são geradas pela necessidade de reciclagem, atualização e desenvolvimento da equipe. “A partir das metas e objetivos traçados pelo planejamento estratégico nós identificamos os pontos que necessitam de aperfeiçoamento.

O Grupo Accor trouxe em 1992 da matriz francesa para o Brasil umas das primeiras universidades corporativas do País. Valquíria Duarte, gerente de projetos de educação do grupo conta que a empresa criou um comitê formado por representantes das 12 marcas que a empresa tinha na época para gerir a Academia Accor que funcionava em um prédio montado na cidade de Campinas (SP). “Nesse primeiro momento, o comitê decidiu que o primeiro curso deveria ser voltado para os cargos de liderança para que pudéssemos disseminar entre os colaboradores a cultura da empresa, inclusive o conceito de universidade corporativa que era novidade”, diz ela. No momento seguinte, o treinamento passou a abranger todos os gestores. “Esse curso existe até hoje e chama-se ‘Formação de Formadores’, consiste em capacitar os gestores a, no dia a dia, transmitir conhecimento e motivação para sua equipe”.

Hoje a Academia Accor oferece cursos para profissionais de todos os níveis hierárquicos, sempre com o objetivo de desenvolver o aspecto comportamental. Para trabalhar as competências técnicas, a empresa ainda mantém um departamento de treinamento tradicional. “A área de treinamento forma as pessoas no aspecto técnico, para exercer uma função, ocupar um cargo. Enquanto que a academia trabalha o profissional para o futuro, o que consiste em uma vantagem competitiva para a empresa”, diz Duarte.

Evolução

Segundo Alceu Queiroz consultor da Fundação Dom Cabral, no começo, muitas universidades corporativas eram quase como extensões do departamento de treinamento e desenvolvimento. Dessa forma, segundo ele, o conceito que abrange uma formação voltada para o futuro e um conhecimento da cultura da empresa se perdia. “Muitas empresas embarcaram em um modismo e mantiveram um treinamento tradicional disfarçado de universidade corporativa”, diz. Ele destaca que o profissional tem de ter uma idéia global do negócio e os cursos oferecidos nas universidades corporativas cumprem essa função porque apóiam-se nos valores que regem a companhia.

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